Bem-estar:
Bem-estar:
Resolvi refletir um pouco sobre este substantivo composto tão
em moda em nossos dias, que costuma ser definido como um “estado de conforto e
boa disposição, com posse de saúde, afetividade, segurança, tranquilidade e
outros aspectos positivos.”
Daí, é comum encontrá-lo associado a regimes de saúde, práticas de esporte,
contato com a natureza etc.
O que é curioso, no substantivo em questão, é o uso da
palavra “bem”; se estamos nos referindo apenas ao estado físico e ambiental
favorável, por que não ser mais específico e usar sadio-estar,
confortável-estar, seguro-estar? Desculpem-me, mas, como filósofa, acho que a
palavra “Bem” merece ser foco, e não reforço de outra coisa: substantivo, e não
advérbio.
Se tomarmos como possibilidade que a nossa função no mundo
como seres humanos seja a de agregar valor humano à nossa vida e a dos demais,
ou seja, agregar bem ao mundo, marcando nossa passagem como válida e útil para
nós mesmos e para a natureza como um todo, cada vez que praticamos este bem,
cumprimos com esta missão e realizamos um pouco mais da nossa identidade. Ou
seja: damos nosso recado.
E não se trata de um conceito de Bem discutível e relativo, mas
de algo óbvio e consensual: trata-se de “funcionar bem” como ser humano, com
todas as especiais possibilidades que esta condição oferece: inteligência,
vontade, criatividade, generosidade, empatia, amor e algumas ou muitas outras;
enfim, todos os “aplicativos” deste aparelho humano operativos e com boa performance. E sem interpretações
pseudomaquiavélicas: não é fazer qualquer coisa agora para chegar a um suposto
bem lá na frente: é garantir a qualidade humana dos meus atos agora, acima e
antes de qualquer resultado desejado.
Há uma bastante conhecida passagem bíblica que enuncia algo
como “-Buscai seu Reino em primeiro lugar (...) e todas as demais coisas te
serão acrescentadas”. Por comparação, vejo que o Bem, atributo humano por
excelência, gera exatamente este efeito. Um dia em que fomos coerentes com
aquilo que a nossa dignidade e respeito próprio esperavam de nós, um dia em que
fomos humanos de fato, é capaz de gerar um nível de “bem-estar” que poucas
outras coisas (se é que existem estas coisas!) seriam capazes de fazer. E este
legítimo bem-estar é perfeitamente capaz de proporcionar, como consequência,
boa saúde, afetividade, segurança, tranquilidade etc.
É como imaginar uma folha de papel com limalha de ferro
espalhada sobre ela; eu te desafio a, com a ajuda das mãos, de uma espátula ou
de outra ferramenta qualquer, colocar esta limalha em uma forma retangular bem
definida. Certo, depois de algum trabalho, você o realizará, mas qualquer
pequeno tremor ou até a proximidade da tua respiração destruirá o teu trabalho.
E se, ao invés disso, eu te desse um ímã de forma retangular para que o
posicionasse debaixo da folha? Com qualquer pequeno movimento do papel, sem a
necessidade de muito esforço, a limalha correria para o local desejado! Este ímã
seria a ideia do Bem; com qualquer movimento da vida, tudo corre sem tanto
esforço para o local adequado, para o local humanamente adequado!
Espero que entendam o exemplo. Sugiro buscar o Bem como meta
de vida, buscar agregar valor humano a tudo que fazemos e não perder
oportunidades (e até ser capaz de criar oportunidades) para praticá-lo:
experimente! A conclusão é a seguinte: o bem-estar vem do bem-fazer, que nada
mais é do que buscar servir ao Bem!
Suas palavras são sempre recheadas de sabedoria e vivência (creio).
ResponderExcluirQue fino! Vale a pena ser examinado e compartilhado. Gratidao🌹
ResponderExcluirSábias palavras.
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