Gostaria
de começar este pequeno artigo com uma curiosidade etimológica: tanto a palavra
“sucesso” (do lat. succedere, vir
depois) quanto sua irmã gêmea “êxito” (do lat. exitus, saída) passam uma mesma ideia: ultrapassar, deixar para
trás. A conotação positiva dada a ambas palavras indica que o que foi superado
não era agradável ou conveniente, ou que a libertação ofereceu possibilidades mais
amplas ou melhores para aquele que se libertou. O que destaco como curiosidade
é que tanto sucesso quanto êxito, em nosso tempo histórico, significa a
obtenção de algo desejado no presente, e não a superação de algo que ficou
restrito, agora, ao passado. Uma acepção, apoiada em desejos; outra, em
liberdade; uma, em posse das coisas; outra, na posse de si mesmo.
Considerando
a condição humana como uma jornada da ignorância à sabedoria, sem pressa e sem
pausa, creio que a grande libertação é mesmo da
ignorância com sua prole, tendo como primogênito o egoísmo.
Se
você me diz que é uma pessoa de sucesso, ou que alguém o é, eu posso, desde
este ponto de vista, considerar que você está apto a possuir o que for
necessário para continuar caminhando rumo à plenitude da condição humana. Pode
estar destituído das armas ou ferramentas necessárias, mas está perfeitamente
apto a construí-las ou conquistá-las sempre que a vida assim o exigir.
Uma
pessoa de sucesso (ou de êxito) conhece muito bem o princípio da filosofia
oriental que diz : “- O que é realmente teu não pode ser tirado de ti.” Está
apto a gerar os meios necessários, mas também a perdê-los, sem jamais perder a
si próprio. Conhece muito bem o segredo do jogador de videogame: quando alguém
apertar o botão de desligar, na tela de seu joguinho, tudo desaparecerá... Mas não a garra e a habilidade para construir
tudo de novo, ainda melhor que antes. Isso é seu e, talvez, imaginam os mais
ousados, não cesse nem mesmo quando a morte apertar o botão de desligar. Seguro
e sereno é o homem de sucesso, pois sabe que sua conquista jamais lhe poderá
ser arrebatada.
Não
se esqueça: a vida é dual e instável. Se alguém apoia sua grandeza na
quantidade de coisas de que dispõe, sejam objetos físicos ou psíquicos
(necessidade de honras, reconhecimento etc), isto significa que a grandeza está
nas coisas, e não nele. Os grandes homens foram os que muito deram, e não os
que retiveram muito, interrompendo o fluxo da vida. Libertaram-se de tantas
amarras que foram capazes de atravessar a vida sempre de mãos cheias, e os
frutos de seu trabalho brotam pelos caminhos do mundo há gerações.
Por
isso, como filósofa, eu gostaria de te indagar: “-Você é um homem ou mulher de
sucesso? Em caso positivo, meus parabéns! Os fatos se sucedem e seguem seu
curso para se tornarem só memória, mas não podem te arrastar junto, e, à sombra
do teu exemplo, muitos outros também ousarão resistir!”
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