As transformações, as coisas que se vão são sempre um
mistério para a mente e o coração humanos. Nesta bela imagem abaixo: para onde
foi o sol, para onde foram as folhas das árvores, as flores da última estação,
a carruagem que dobrou a esquina? Para onde vai a vida? Como perdê-la um pouco
todos os dias sem sentir melancolia?
Ravana, o personagem de um antigo épico indiano, dizia:
“Odeio as coisas que vêm e vão no tempo e odeio o próprio tempo...” Sem chegar
ao extremo do ódio, como ele, muitos de nós sofremos por esta mesma
razão... Quem não sentiu algo comprimir
o peito ao folhear um antigo livro e procurar, entre suas folhas, a folha seca
de uma flor um dia presenteada, que virou pó... como parece ser a sina de tudo.
Um homem muito sábio chamado Sri Ram dizia que as
transformações nada mais são do que as formas correndo atrás de realizar suas
essências divinas e perfeitas, que chamam e esperam por elas, desde o céu dos
arquétipos espirituais. E que, se sabemos ser sensíveis a este chamado e também
participarmos desta espécie de “corrida” de todas as coisas rumo aos braços
desta Essência que os trouxe ao mundo nos inícios, os inspira no presente e o
chama no mais belo e promissor dos futuros, a transformação se torna o
espetáculo mais belo de se ver. Perfeita e completa, como deve ser tudo aquilo
ou aquele que se realiza.
Este doce “cello” que ressoa nesta belíssima passagem de Gabriel Fauré parece saber disso; parece
compartilhar, a um tempo, saudades e esperanças. É como se ele concedesse voz às
nossas inquietudes mais profundas, como tudo o que é verdadeiramente Belo sabe
fazer. Eu acredito que é assim que as coisas são. Acredito neste “cello”, em
Fauré e em Sri Ram. E algo em mim baila, traça espirais de luz e de esperanças
renovadas.... E em você?
Lúcia! Você é o meu degrau agora! Gratidão por vc existir, compartilhar desta forma tão simples, com exemplos tão acessíveis a nós outros, inconformados buscadores da verdade e do Todo! Tenho essas questões desde que me conheço por gente! Aos 3 anos, lembro -me de perguntar à minha mãe: o que sou eu? E não me conformava com a resposta dela: " vc é fulana de tal, minha filha, do papai e irmã da sicrana, moramos aqui! Isso era tão abruptamente pequeno que me colocava numa angústia tão intensa!!!
ResponderExcluirAngústia ainda muito presente! Vou seguir seu conselho e colecionar momentos de consciência do que eleva, como pedacinhos da minha barca, refiro-me á sua palestra número 4 do livro Caibalion
ResponderExcluirVocê é muito bonita! Só uma alma bonita escreve assim!
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