Neste 01 de
outubro, comemora-se o Dia Mundial da Música, data escolhida pelo International Music Council, uma
instituição criada pela UNESCO, para celebrar esta que é, talvez, a mais
querida dentre as artes. A finalidade deste pequeno artigo não é dar definições
sobre a música, coisa tão difícil de fazer até mesmo para os especialistas, mas
tentar refletir sobre a importância de dedicarmos um dia a refletir sobre ela,
e o valor que possui em nossas vidas. Refiro-me aos leigos, aos apreciadores,
ou seja, àqueles que, como eu, nem a compomos, nem a executamos, mas apenas
desfrutamos dela.
Uma das polêmicas
que existem no mundo das opiniões, atualmente, trata exatamente sobre esta
questão dos dias comemorativos; quem já não ouviu o célebre pretexto: “Para quê
um dia dedicado só a isto? Lembro disto (ou desta pessoa) todos os dias... datas festivas são só
pretextos do comércio para estimular as vendas” Bem, os antigos paravam até as
guerras para celebrar os jogos olímpicos, e não me parece que sua motivação
fossem as barraquinhas de produtos à venda; desde sempre, o homem soube da
necessidade de usar o tempo como seu aliado para não se esquecer dos pontos
essenciais da vida; assim nasceram os calendários sagrados, lembrando que as
coisas são sacralizadas quando nos ajudam a crescer como seres humanos, e a música,
com certeza, cabe aí, possui este poder.
As Musas, de
onde vem o nome “música” (“Mousikê”, “arte das musas”), dançavam no Monte
Hélicon (a grande hélice ou espiral), em torno do Deus Apolo, com sua lira. A
espiral que, através do eterno retorno das experiências humanas, compreendidas
cada vez mais profundamente, “puxariam” o homem para cima, para aquilo que há
de mais nobre e divino em si, sem dualidades ou contradições... sem “pólos”(origem
do nome de Apolo, segundo Platão).
E como a
música poderia ajudar nisso? Música é sempre vibração, um padrão vibratório que
nos convida e até nos “seduz” para vibrarmos com ela. Uma das famosas máximas
herméticas do Caibalion, livro de origem egípcia atribuído ao sábio Hermes
Trimegisto, proclama o seguinte: “Nada está parado, tudo se move, tudo vibra. ”
A evolução, segundo esta tradição,
seria um “aceleramento vibratório”, que passa basicamente da Matéria à Energia,
da Energia à Luz, da Luz ao Mistério, do Mistério ao Espírito, e deste, a Deus.
Como a música é essencialmente vibração, ele seria um convite para subir ou
descer nesta grande espiral da evolução dos seres. Daí a preocupação do
filósofo grego Platão com a música que o governo de um Estado deveria oferecer
aos seus governados.
Todos somos testemunhas de como uma boa
música nos renova depois de um dia estressante, e de como certas músicas são
capazes de gerar em nós um estado de mau humor e irritação, sem que saibamos
explicar muito bem como esse mecanismo funciona. Esta sintonia produzida com
maior ou menor nível de consciência poderia (e deveria) ser usada na educação,
segundo a concepção platônica, para auxiliar na modelagem de um caráter bem
formado, harmonioso e, por que não dizer... melodioso.
Talvez seja
esta uma das finalidades da instituição deste dia: perceber a música mais do
que como entretenimento, como ferramenta pedagógica, que nem sempre temos
sabido usar bem. Como se fosse o canto das Musas, que nos convida a ascender ao
auge do Monte Hélicon, ou seja, ao cume de nossas possibilidades como seres
humanos, até aquele horizonte onde roçamos a nobreza de caráter, a fraternidade
como princípio e a integridade como valor.
Comentários
Postar um comentário