Há um livro particularmente belo, da filósofa russa Helena Blavatsky, que se intitula “A Voz do Silêncio”, o qual traduz alguns dos princípios fundamentais do budismo tibetano. Trata-se aí, dentre muitos outros assuntos, da chamada “heresia da separatividade”, que, segundo esta tradição, é a fonte de todos os problemas dos homens: sentirem-se separados uns dos outros, e não parte de uma Unidade.
Nestes dias, pensando sobre a forma mais efetiva que se poderia utilizar para, de fato, ajudar as pessoas à nossa volta a vencerem um pouco de suas aparentemente insolúveis dificuldades e dores, lembrava-me desse tão abstrato ensinamento e, nesse momento, ele me pareceu incrivelmente concreto e prático. Haverá algo mais efetivo a ser feito por aqueles que amamos do que ajudá-los a vencer a separatividade?
Observo que, em grupos familiares, quando há alguém que sofre um problema mais grave, de saúde, por exemplo, os pequenos problemas individuais de cada um como que se dissolvem no ar, unidos por um laço de amor e solidariedade... Isso me fez refletir: e se a humanidade fosse nossa família? Em cada canto do mundo, haveria sempre uma chamada para o nosso coração... onde arrumar tempo para tantas susceptibilidades, para “O hábito de sofrer, que tanto me diverte...” de que falava o poeta Drummond? Se somos um corpo, a consciência corre a atender aquele ponto que mais dói e sofre, e os pequenos desconfortos das demais partes são esquecidos e até superados, e é lógico que assim seja...
Ver e sentir o outro, à nossa frente, na vida, creio que é um passo indispensável para ver e sentir o outro, à nossa frente, no espelho; muita preocupação com a pele talvez faça esquecer do coração, ou seja, pensar demais em nós, como superfície, faz com que nos esqueçamos até mesmo de nós, como essência. Um ciclo vicioso de superficialidade, vaidade, susceptibilidade... de vazio, enfim. Um vazio a ser preenchido com angústia e solidão.
Penso que, quem ama o ser humano, deveria se comprometer seriamente em ajudá-lo a livrar-se da tirania do “eu” e do “meu”, da asfixia do “me amam ou não me amam”, da obsessão do “o mérito é meu, e não seu”... Quer presentear a quem ama? Dê-lhe um pacote turístico para viajar pelo coração das pessoas, para senti-lo e se comprometer com ele! Os homens que o fizeram, na história, tiveram muito mais do que felicidade... tiveram Glória... ou seja, todos que fizeram essa viagem, recomendam... mas vá você na frente, traga “fotos” e as mostre, o tempo todo, em tudo o que faz; compartilhe o “roteiro” nas redes sociais... aventure-se por um dos maiores mistérios da natureza humana. Se ainda não possuir vocação turística para locais exóticos ou espírito desbravador... faça-o pelo menos (ou “pelo mais”)... por Amor.
"Você deve perder o seu coração e buscá-lo em todos os lugares. Quando você o encontrar, você o descobrirá como o coração de todas as coisas." N. Sri Ram.
Gosto de passar aqui antes de dormir, é sempre um convite gostoso a reflexão. Honrar as verdades com as práticas até se tornar exemplo para as pessoas nosso redor. Se identificar com a unidade, viver e falar do que se identifica. As duas coisas são difíceis, tanto viver quanto falar, os agentes da Matrix sempre lutam contra quem a descobre e quer sair, como se o jogo não fosse difícil por aí só. Rsss mas... amanhã é outro dia, uma outra oportunidade para dar mais um passo no jogo. ��. Quanto maior a concorrência, maiores as chances. ��
ResponderExcluir