“Só
o alcance da beleza perfeita de pensamento e de ação completa e
realiza, por si mesmo, o propósito de manifestação da natureza da vida
humana.”
N.Sri RAM
Arte, do latim ars, artis, parece vir do indo-europeu ar: ajustar, colocar, conduzir para. Parece
que todas as palavras vêm à tona para dar forma inteligível a uma
necessidade humana, e são legítimas quando não perdem contato com esta
realidade original. Arte, por exemplo, pressupõe dois mundos: um, o
mundo das ideias, de Platão, perfeito e permanente, e outro, o mundo dos
reflexos, ilusório e passageiro, mas que busca concretizar, em suas
formas, aquelas formas do mundo ideal. O artista seria a ponte entre
estes dois mundos. Quando consegue gerar formas que se assemelham
significativamente ao seu modelo no plano das ideias, permite que os
homens comuns vejam este mundo através de seus olhos, e inspira-os na
direção de seu alcance. Daí podemos deduzir que o verdadeiro artista é
sempre um idealista, e fomentador de idealismos.
O
homem comum, não artista, também realiza obras, e estas possuem
igualmente seus modelos. O conjunto de modelos de que ele necessita
poderia ser chamado de “arte de viver”; é um acervo vasto e pouco
conhecido em nossos dias.
Este
homem, então, que luta desordenadamente contra uma avalanche de
acontecimentos cotidianos, pode-se colocar diante de um Da Vinci ou um
Mozart e perceber que a busca da perfeição como meta é, sim, algo humano
e legítimo, e extremante benéfico para quem o pratica e para quem o
contempla. Pode se sentir inspirado a dar ordem à sua luta, atravessando
a avalanche com braçadas ritmadas e harmoniosas. Pode inspirar e até
guiar os demais, à sua volta, para fora da desordem e da banalidade.
O
filósofo Roger Scruton costuma dizer que “Alguém que se preocupe com o
futuro da humanidade deve tentar perceber como pode ser reavivada a
educação estética, cujo objetivo é o amor pela beleza.” A
perícia e requinte do artista ao conduzir sua obra é pedagogia para aquele que apenas conduz
suas palavras, numa conversação, ou seu carro, no trânsito.
Na
busca pela civilização, ou seja, por uma vida digna de homens,
necessitamos de política, cuja base são valores como honestidade e
fraternidade; precisamos de ciência, cuja base é amor ao conhecimento;
precisamos de arte, cuja base é a beleza.
Preocupar-se
com o futuro da humanidade é um belo ato; em sua área de atuação, uma
verdadeira obra de arte. Quem de nós se arrisca ao meticuloso trabalho
de buscar a boa arte como conselheira para aprender a construir a si
próprio? A recompensa é a exposição permanente de sua forma de viver no
memorial dos que lutaram e fizeram diferença, dos que esculpiram a sua
vida, tendo como modelos os mais belos sonhos humanos.
Desejo todos os seus dias cobertos de amor.
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